quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

saudades ;s

Aos 18 dias do mês janeiro eu recebi uma noticia trágica. A noite começou da melhor forma possível e ao longo do tempo só foi melhorando, mas às 22h30min recebemos que a tia Lori tinha partido para sempre então com todas as minhas forças eu me segurei até o ultimo minuto. Escrevi a nota de falecimento, me vesti e fui para Teutonia me despedir desta tia e ajudar a mãe a arrumá-la.
Ao longo do percurso eu pensei em varias situações que já aconteceram comigo e de fato aquela era uma situação inédita, por mais que já tivemos vários momentos complicados nesta profissão, eu já sabia que aquele seria o momento mais duro de todos. E enquanto a gente se dirigia até o encontro do corpo, a mãe se mostrava abalada demais e deixava seguidamente as lágrimas caírem enquanto ela fumava para assim aliviar a tensão do momento. E eu escrevia algumas mensagens e não pronunciei uma palavra a não ser dizer “ – Mãe, eu não serei capaz de te ajudar, eu tenho certeza que não” e ela não me respondeu, acredito que ela tenha compreendido a minha preocupação. Enquanto a mãe desabava em lágrimas e aquele silêncio tomava conta do ambiente eu segurei as lagrimas, com toda força do mundo não derramei uma lagrima, fui capaz de me segurar e transparecer forte até Teutônia.
Chegamos lá e eu sentei em frente ao hospital esperando o corpo ser liberado pelo departamento médico e olhando a lua e as estrelas que tornaram o céu encantador. Então fomos até a sala ao encontro do corpo e as lagrimas foram inevitáveis ao vê-la. Eu me senti por alguns minutos com falta de ar, mas também não lutei para que conseguisse respirar melhor, talvez não fizesse diferença eu respirar ou parar de vez com a respiração. Então começamos a vestir o corpo, duramente eu chorava e ao mesmo tempo a vestia, ela como sempre estava bem arrumada, a vaidade de sempre, suas mãos ainda não estavam geladas e a boca que relutava, querendo não fechar, me fez pensar – Os dentes que sempre apareciam com diversos sorrisos, pela ultima vez serão vistos e esse foi o final das minhas forças, naquele momento eu não tinha mais forças para ajudar e permanecer ali e sai do local.
Na saída da sala encontrei a minha avó e o seu irmão (marido da falecida), então eu os cumprimentei e deus os meus pêsames, abracei-os e eles me pediram para que eu fosse junto com eles dar a noticia a biza, acharam que talvez a minha presença diminua o impacto da noticia e eu fui juntamente com para a casa dela. Cheguei lá e ela estava deitada esperando a minha avó voltar, então eu cheguei e ela logo falo o mais alto que era capaz “- é a minha neguinha?” se referindo a mim e me chamando pelo apelido carinhoso o mesmo de sempre. Eu dei um abraço e falei que estava bem mas que tinha uma noticia má para dá-la, sei que ela já imaginava, mas pela SEGUNDA vez naquela mesma noite eu teria que tirar forças de qualquer lugar, aí eu falei que a Lori havia falecido e que ela precisava se aprontar para nos acompanhar até o velório. Ela se sentou na cadeira mais próxima e pediu para ficar alguns minutos só e deu um abraço no Rui, filho dela que havia perdido a sua esposa. Mas nós nos negamos a deixar ela sozinha, então a levamos para se arrumar e fomos para o velório.
No meio do caminho nós encontramos o filho mais novo que havia acabado de perder a mãe e estacionamos o carro para falar com ele, ele estava abalado e deixou a moto lá, e nos acompanhou no carro, comigo e com a avó. Sentei atrás com ele e ouvi ele comentando sobre o ultimo encontro que  teve com sua mãe, comento o que ela representava para ele e tudo que ele seria capaz para pelo menos vê-la sorrir pela ultima vez, mas que fosse um sorriso sem dor. Como nós sempre tivemos uma afinidade incrível apesar do pouco contato, ele deito no meu colo e não teve medo de deixar nenhuma lagrima cair, não teve medo de dizer milhares de vezes que a mulher da vida dele foi a mãe dele, enfim, ele desabafou.
Sentamos na frente da capela a espera da mãe que chegaria com o caixão. Lá, ele ainda teve a capacidade de me chamar de bolinha de gude como sempre me chamava e ficar lembrando as minhas mancadas de quando eu era criança’ OMG que vergonha ouvir ele falando aquelas coisas.
Quando o corpo chegou logo viu as unhas dela pintada e me disse “- Lembra que tu debochava do dom que eu tinha de pintar as unhas dela, pois é, se passaram 6 anos e eu permanecia fazendo isso, não é a toa que agora estão pintadas” entre muitas lagrimas e colocando a mão dela sobre o seu rosto. De fato, mais uma vez eu tinha deixado de ser forte e as lagrimas apareceram novamente.
Passei lá um tempo sentada com o Glauco esperando o irmão mais velho dele chegar, aí conversei alguns segundos com o irmão mais velho dele que eu nem tinha reconhecido de tão diferente e bonito que ele tá (que vergonha ‘ OMG) e acredite, eu esqueci o nome dele – DEEEEEEEEEEEOS ¬¬’
Depois fiquei sentada lá na igreja, bem sozinha, olhando para as estrelas e passando frio, fui ver o tumulo do meu biza e passei algum tempo ali, falando sozinha, mas era necessário desabafar no momento e eu só tinha a mim mesma.
Quando o pessoal da família foi para uma sala tomar café, eu tive coragem de me aproximar do corpo ali, eu me obrigava a aproveitar aquele ultimo momento. Cheguei e segurei a mão dela que agora estava gelada, passei a mão em seus cabelos que o Glauco tinha tanto trabalho em cuida e amava fazer isso.
Pedi a Deus para levá-la e que ela ficasse bem, por que mais do que todos que eu conheço, ela merece ter momentos de paz e tranqüilidade. Eu estava usando uma das blusas que ganhei dela, sim, a blusa era velha, mas tinha um significado sentimental INCOMPARAVEL. Quando eu agradeci a ela por tudo, vi que havia chegado os demais familiares que por sinal me viram e começaram a chorar.
A mais de um ano que a família não se reunia então eu não os via a muito tempo, logo vieram me abraçar e perguntar pelos filhos e o marido e eu respondi.
Depois todos da família do marido dela (no caso a gente), nos abraçamos e rezamos por que nem todos poderiam estar ali no enterro. De fato, entre tantos momentos fortes, aquele era o mais forte do que todos os anteriores e não seria exagero dizer que era o mais forte de toda minha vida.
Por fim, me despedi do dela e voltei para casa por que precisava trabalhar hoje. Então me despedi de todos, todos pediram para que eu passe alguns dias lá em Teutônia com a biza que precisava de mim neste momento e pediram para que eu desse mais noticias e aparecesse mais seguidamente, até me obrigaram a passar um final de semana em Novo Hamburgo.
Qual foi a ultima coisa que eu disse antes de sair de lá?
Aproveitarei o para visitá-los sim, por que percebo agora que arrependimento não será o suficiente para trazê-los de volta em todos os casos. E por fim agradeci pela ultima vez tudo que a Lori fez por mim e representou em minha vida.
Vai com Deus guerreira  ;s

Nenhum comentário:

Postar um comentário